sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sexualidade e fé cristã

Olá Renata!
Vivo um dilema... sou evangélica, tenho 32anos, divorciada há 5 anos. Apesar de pertencer à uma igreja renovada, ou seja, não-tradicional, ela tem suas doutrinas baseadas e firmadas na bíblia.

Vivemos num mundo onde os relacionamentos hoje são um "pré-casamento": você prova primeiro pra ver se gostou, se tem afinidade e a famosa "química".
No caso da religião que sigo, segundo os preceitos bíblicos isto não é correto aos olhos de Deus.

Já fui casada, gosto muito do "esporte", porém vivo esse conflito principalmente quando me relaciono com pessoas que não seguem a mesma "religião" que eu.
E agora? como saio dessa sinuca? Como ter vida em santidade conforme recomenda a bíblia e como me satisfazer enquanto pessoa? (anônimo)

Quando li este comentário, confesso que cocei minha cabeça e fiquei pensando: "Vai dar problema!" (rsss), mas como a proposta deste blog é ajudar as pessoas e debater os temas que VOCÊS trazem, resolvi que tinha um compromisso com meus leitores de responder e tentar audar a essa pessoa.

Gostar do esporte... adorei essa parte! Ainda bem que você gosta, né, gata! Porque tem muuuuuita gente que não gosta e isso mostra o quanto você é saudável.

Parte boa concluída, vamos à parte difícil: conheço um pouquinho o protestantismo e compartilho de váááárias idéias da fé cristã protestante, bem como a católica. O que vou dizer aqui diz respeito ao meu ponto de vista filosófico, acerca da sexualidade cristã.

ATENÇÃO: NÃO ESTOU PREGANDO CONTRA NEM A FAVOR DA FÉ ALHEIA!!! NÃO TENHO NENHUM INTERESSE EM DILAPIDAR CONVICÇÕES - SÓ ESTOU RESPONDENDO À PERGUNTA QUE ME FOI FEITA!!!

Eu consigo compreender que algumas pessoas possam escolher manter relações sexuais apenas após o casamento, mas não vejo muita saúde nisso, do ponto de vista psicológico. Acredito, como profissional, que seja muito importante saber com quem você está se envolvendo, antes de estabelecer um vínculo mais profundo com essa pessoa. Você não conta seu maior segredo ao seu amigo só depois que ele assina um termo de compromisso "anti-fofoca", não é?

Da perspectiva filosófica, o que me intriga são os interesses por trás dessa doutrina: ela só gera ansiedade e comportamentos disfuncionais - ou as pessoas saem casando às pressas, ou ficam desesperadas para casar, ou transam e morrem de culpa, o que mais tarde, é claro, vai transformar a sexualidade da pessoa em um grande tormento.

Mas o que mais me intriga é: nos tempos Bíblicos não havia, por exemplo, cartório. Mas as pessoas se casavam, não é? As mulheres não podiam falar em público, nem usar calças, nem trabalhar fora. Não se usava método contraceptivo porque este não existia. Poucas pessoas eram alfabetizadas e as que eram tinham esse direito por serem ricas. Não existia democracia, só monarquias e governos de províncias. As roupas eram feitas de estopa, linho ou aniagem. As sandálias eram simples. Um convidado estimado tinha seus pés lavados. etc.

Quais dessas coisas acontecem hoje? É pecado usar roupa bonita ou sandália cara? E se eu não lavar os pés do zelador do meu prédio quando ele me traz correspondência? Eu o estimo, mas não quero lavar seus pés. Quão grave é meu crime? Ih, eu sou mulher e sei ler e escrever e várias mulheres estão lendo isso agora! Haram! (pecado em árabe)

Estou brincando assim para descontrair mesmo, mas meu objetivo é mostrar que as doutrinas bíblicas foram contextualizadas, naquilo que era interessante, mas abomina este tipo de questionamento.

O casamento é sagrado sim e a família também, mas o que quero dizer é que até o divórcio a igreja protestante aceita, como você bem sabe, querida leitora, e acho isso louvável, mas com discrição, acho que sua vida sexual pertence somente a você.

Não vejo como Deus possa amaldiçoar o melhor "esporte" que Ele criou.

Espero ter ajudado.

Beijo, tchau!

Amor, Rê

7 comentários:

  1. Querida, mas muito querida mesmo! Renata,
    Primeiramente quero agradecer a atenção dada e pela sutileza e inteligência com que me respondeu.
    Confesso que suas observações aliviaram meu coração.
    Acredito que realmente Deus não amaldiçoa aquilo que ele criou como benção para nós e sim a forma como nos servimos desta benção.
    Quando escolho me relacionar sexualmente com meu namorado, acho que não há mal nisso, uma vez que somos adultos, maduros e temos um vínculo, uma relação. Porém, quanto o ato sexual é realizado apenas por fazer, indiscrimidadamente, vulgarmente, enfim... sem sequer o mínimo de afetividade entre duas pessoas, no meu ponto de vista aí que mora o perigo, diante dos olhos de Deus.
    Não quero aqui também levantar bandeiras, a favor nem contra. Este foi o estilo de vida (com relação à religião) que escolhi para mim. Acho apenas que como tudo na vida, devemos achar o ponto de equilíbrio afim de que não vivamos oprimidos nem libertinos demais com o que confundimos como liberdade.
    Sinceramente muuuuito obrigada!

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  2. Querida anônima,

    apesar de não saber quem vc é, meu coração se enche de alegria quando leio suas linhas.

    Minha intenção era exatamente essa: afirmar que não há dolo algum em ser feliz.

    Também concordo que a promiscuidade não é uma coisa boa, nem saudável, no sentido que encobre alguma dificuldade no estabelecimento e manutenção de vínculos, mas o amor, aliado à sexualidade, fornecem ao Homem os maiores prazeres que este pode vir a experimentar na vida.

    Fico muito feliz que vc tenha entendido EXATAMENTE o que eu quis dizer.

    Saúde, sucesso e muita felicidade pra vc, sem culpa.

    Beijão, Rê

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  3. Muito importante a questão da contextualização...

    Vale lembrar também, sem apologias, que segundo as palavras bíblicas "tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convêm".

    O livre arbítrio, pra além de doutrinas, é uma questão existencial. Aí eu me reporto quanto a necessidade de estarmos bem para fazermos escolhas, não certas ou erradas, mas saudáveis e funcionais organismicamente.

    BEIJOS, Até a próxima!

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  4. Obrigada, Dandan, pela contribuição...

    O objetivo do texto é exatamente esse: ver o que é e o que não é saudável PARA CADA PESSOA.

    Respeitando todo mundo e atendendo a nossas próprias necessidades, podemos escolher ser felizes sempre.

    Beijão, Rê

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  5. Achei bacana a sua abordagem inteligente e sutil,principalmente não colocar "aquele dedo julgador" que infelismente os cristãos colocam quando a pessoa em questão admite ter sexo antes do casamento. O que aconteceu comigo ... Me "tiraram, afastaram" da coordenação, fique mal vista tipo: pq ela transa não tem mais unção ou então tem que voltar pro banquinho da Igreja pois não está apto a SERVIR.
    E isso me causou muita culpa, pois eu já tinha uma certa dificuldade devido ao fato de ter sido bulinada por meu "pai", enfim sexualidade tanto quanto afetividade se tornaram um MOSTRO na minha vida,mais que faço em prol do outro, pois não tenho a mínima vontade.Mais isso sei que tem que ser trabalhado e te peço minha querida uma orientação, pois não aguento mais "fugir" do meu namorado quando rola um clima.
    Desde já grata !
    Marcela C.

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  6. Renata achei muito oportuna e feliz a sua abordagem sobre este tema que tanto conflitua a cabeça das pessoas principalmente tendo em vista o que nos foi imposto como certo por meio da fé cristã!parabéns novamente!claudinha,ovelha negra.rs

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  7. muito inteligente sua resposta
    o importante e ser feliz
    respeitar o espaço do outro
    religião, fé e felicidade caminham juntos
    chega de hipocrisia

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