segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Longo e Tenebroso Inverno do Luto

Acordei me perguntando: como é que isso funciona? A gente que faz o luto, ou o luto faz a gente?

Ando “encucada” com isso...

Mas depois de algumas perdas, começo a perceber que é o luto que tem me feito.

Quando a gente perde algo muito precioso, o sofrimento é inevitável. Quando a gente perde aluem muito amado, abre-se uma fenda no chão. Depois disso, o abismo.

Descemos ao abismo da dor, escarafunchamos nossos sentimentos, arrependimentos, memórias, revemos nossos conceitos, a forma como temos nos relacionado, nossos “e se”...

E então, de alguma forma mágica, por alguma razão inexplicável, o abismo começa a fazer sentido. A dor começa a fazer sentido. A vida recomeça a fazer sentido.

O nome disso é contato.

É a partir do contato que o abismo começa a nos moldar: começamos a aprender com esse novo lugar em nossa vida, começamos a poder reavaliar e transformar aquilo que precisa ser transformado e iniciar novas jornadas rumo a novos territórios ainda não revelados.

Quando escolhemos fazer morada no abismo, na depressão, na dor, na perda, perdemos a oportunidade de explorar o novo território e aprender com ele, aprender a sair dele, aprender a nos reconstruir.

Como meu amado pai sempre dizia: “Cada pergunta contém dento de si mesma sua própria resposta.” – acho que posso aprender com ele que cada abismo contém em si mesmo o caminho para que eu possa sair dele.

É... o luto dói, rasga, destrói... mas mata dentro de nós o velho e abre espaço para o novo.

Acho que hoje vou escolher dizer que não sou eu quem faz o luto. É o luto que me faz.

Beijo, tchau!